Diabetes em crianças

O Diabetes Mellitus tipo 1 ocorre na infância e adolescência como resultado de deficiência absoluta de insulina oriunda da destruição auto-imune das células Beta do pâncreas.

É considerada a segunda doença crônica mais comum na infância e é a principal doença endócrina nesta faixa etária.

Geralmente, o diabetes se apresenta na infância com a sintomatologia típica de aumento do número de micções(poliúria), muita sede (polidipsia) e emagrecimento.

O aumento na ingestão de alimentos é substituído nesta faixa etária por inapetência, recusa alimentar e importante irritabilidade.

A enurese noturna (urinar enquanto dorme na cama) é uma importante pista para o diagnóstico, principalmente na criança que já havia obtido o controle esfincteriano.

A balanopostite nos meninos e a candidíase de repetição nas meninas também podem ser vistos. Nas faixas etárias menores, como lactentes e pré-escolares, os sintomas de poliúria e polidipsia podem passar despercebidos, sendo um importante sinal a perda de peso e a presença de formiga nas fraldas.

O desafio no tratamento deste grupo etário está no fato de que para almejar as metas glicêmicas ideais esbarra-se no risco de hipoglicemia, e que quanto menor for a criança maior será o risco de sequelas neurológicas e dano irreversível ao Sistema Nervoso Central. Para isto, a Sociedade Brasileira de Diabetes, assim como outras importantes Sociedades Internacionais (ISPAD) elaboraram alvos individualizados para cada faixa etária.

Por tratar-se de uma doença crônica manifestada na infância, a educação e orientação no tratamento devem ser fortemente enfatizadas, principalmente com os pais, que, na maioria das vezes, passam o maior tempo com a criança diabética, mas também com outros cuidadores (avós e vizinhos) e também nas escolas com os professores.

Outra importante orientação é quanto à alimentação. A criança deve saber quando se alimentar. Os horários das refeições devem ser sempre os mesmos. Quando lhe são oferecidos doces ou guloseimas, a criança deverá saber explicar que tem diabetes.

Quanto à verificação da glicemia, a criança pode ajudar no teste, mas apenas sob supervisão dos adultos. A criança deverá saber que o teste da glicemia indica a quantidade de açúcar presente no sangue e deve saber avisar imediatamente um adulto quando se sentem trêmulas ou suando ou quando sentem sensações estranhas na cabeça, no estômago ou nas pernas. Uma criança que tenha tido uma hipoglicemia deverá saber descrever os seus sintomas. Deverá também ter conhecimento que se tiver hipoglicemia deverá beber um copo de suco ou refrigerante normal.

Portanto, o tratamento do diabetes na infância é complexo, devendo ser abordado de forma multidisciplinar, uma vez que a nutrição assume vital importância no auxílio para o melhor controle glicêmico, sem comprometer o crescimento e formação. Outros aspectos ainda tem que ser lembrados, tais como a orientação da família para os dias de doença, o calendário vacinal adequado e a monitorização do crescimento e desenvolvimento puberal.

Dra Alessandra Matheus